Especialistas dizem que a retenção dos alunos é uma das principais causa do abandono escolar; muitos pais e professores são contra a "aprovação automática"? O que fazer? Será que reprovar, fazer com que o aluno repita um ano o ajudará em suas deficiências de aprendizagem. Tenho minhas dúvidas.
A progressão continuada, aplicada atualmente no Estado de São Paulo, promove um trabalho em ciclos, não é que não haja reprovação, o que não há são as séries, temos 2 ciclos, um que corresponde aos quatro anos iniciais, chamado então de Ciclo I, e outro nos quatro anos seguintes, chamado de Ciclo II; Ao final dos ciclos, o aluno é avaliado, e se demonstrado competência vai para o próximo ciclo, então o que a sociedade entende é que da 1ª à 3ª série não se reprova, apenas na 4ª série é que se tem a reprovação, depois da 5ª à 7ª série não se reprova e apenas na 8ª série teríamos a reprovação, mas se entendermos o processo por ciclos fica mais claro. O aluno matriculado no Ciclo I, tem 4 anos para aprender os conteúdos e ter as habilidades necessárias para continuar seus estudos no próximo ciclo. Durante este período, os alunos devem ser avaliados continuamente, e deve - se intervir com aulas de recuperação contínua, paralela e reforço, quando necessárias.
Mas, o maior mal ao meu ver, não é o ciclo nem as séries, se as aulas são em ciclos de 4 anos, e se nestes quatro anos o aluno que não atingir o mínimo necessário para sua formação, realmente puder participar da recuperação contínua e até a paralela, com certeza terá uma educação melhor, mas vamos analisar a escola de hoje.
Atualmente contamos com salas de aula que possuem de 40 à 45 alunos, como um professor, que possue 10 turmas, ou seja, 450 alunos, pode avaliálos continuamente, para poder aplicar a recuperação contínua? Como preparar atividades diferenciadas para cada aluno? Pois os alunos estão sempre em ritmo diferente, não se pode avançar demais, para não deixar muitos para trás, não se pode desacelerar, pois não se pode atrasar os que conseguiam acompanhar bem o ritmo de aprendizado, não se quer, obviamente, nivelar por baixo, mas como elaborar atividades diferenciadas para cada tipo de dificuldade de aprendizagem. por exemplo, em turmas de 6ª série, o professor não pode ditar um texto, pois tem alunos semi-analfabetos, há alunos que escrevem maravilhosamente bem. Mas, por exemplo tem que se trabalhar as regras do discurso direto e indireto, pois ainda há muitos que a desconhecem, acaba - se atrasando os outros que já sabem... meu Deus... é uma loucura, imaginem em uma turma, são cerca 10 que não sabem escrever, tem 5 que não sabem nada sobre pontuação, há aqueles que não sabem paragrafação e uso de maiúsculas, há os que não sabem pontuação ou concordância verbal, e há cerca de 15 alunos que sabem muito bem tudo isso?? É justo atrasar estes 15 alunos??
Seria perfeito, poder trazer atividades desafiadoras, bem planejadas, para cada dificuldade dos alunos e avançar cada vez mais com eles, mas com tantas turmas que tos professores tem que pegar para terem um bom salário, fica praticamente impossível...
E as condições de trabalho???? Vocês já viram aquele giz horroroso? Resseca as mãos, as cordas vocais... Aquele pó é aspirado diariamente por cerca de 8 horas/dia. E ainda há o problema da tendinite de tanto se escrever na lousa, e as cordas vocais que ficam com nódulos pelo uso excessivo da voz???? E o barulho ensurdecedor das crianças no intervalo, as pilhas e pilhas de provas pra se corrigir. E ainda tem que se brigar com o uso do celular, mp3, Ipod, internet. O professor manda lição pra casa, mas os alunos não fazem porque ficaram jogando video game.Como lutar com isso, se nas escolas não há materiais para aulas mais dinâmicas. Poxa, deve ser muito difícil, fazer uma aula interessante, divertida, dinâmica, todos os dias, para todas as turmas, só com o giz, a lousa e o livro didático.
Ou, ainda há alguém que acredite que em nossas escolas, existe data show pra todos os professores utilizarem, aparelho de som, computadores, jogos... e o tempo pra se preparar estas aulas???
É há muito o que se melhorar, mas também devemos ter professores bem preparados e com uma boa formação, porque para se ensinar alguém, você tem que no mínimo saber.
Espero que esta realidade mude...
